Por Ediléia Diniz
Mulher, mãe, professora, palestrante, terapeuta... todos os papéis atribuídos são apenas uma parte de mim
Então que em meio a tantos
questionamentos tenho que, afinal, agradecer por nunca ter deixado de treinar,
mas ainda preciso recuperar a motivação para voltar a treinar com o mesmo
afinco sem carregar os monstros que levo comigo. Sim, monstros, pois mesmo
sabendo que os treinos me salvaram, eles também não me livraram de ter passado
por tanta dor. É impossível não lembrar de tudo e não chorar por dor, por
alívio e principalmente por gratidão. Claro que agradeço a Deus por ter me
livrado da morte ou por não ter sido necessário amputar o braço. Sei que está
na hora de superar essa história, deixá-la no passado e retomar o controle
sobre minha vida em busca da pessoa que sou. Mas juro que estou tentando
superar e não lembrar com tanta frequência, porém, quando olho para meu braço e
vejo a marca que foi deixada, fica impossível esquecer.
Retornar a essas pistas, especificamente esta prova, onde
praticamente minha paixão pela corrida começou me deixou com esse sentimento,
de superação, de retorno, de conquista.Se eu mudasse de time de futebol, seria como se estivesse traindo gerações de corinthianos. Mais de 100 anos de história deste time se entrelaçam com a minha família. Quando pequena eu escutava lá no Parque São Jorge: "se Deus é brasileiro, Jesus Cristo é corinthiano". Hoje, estudando religião, pude constatar que as pessoas mudam mais de religião do que de time de futebol.
Aparentemente esferas distintas, mas com características muito semelhantes. Uma forte religiosidade marca a adesão de uma pessoa nestes dois espaços sociais, e sem dúvida, deve existir uma empatia do "fiel" com essa nova identidade.
Mas enfim, como mãe e corinthiana, sinto que teremos que aprender a lidar com essa nova escolha da Bia. Mesmo sabendo que ela escolheu errado, kkkk, sei que um dia seu coração se voltará a sua alma de mulher e de corinthiana.

