4 de mar. de 2011

Amamentar é dar amor

Ninguém diz ou escreve, pelo menos não me lembro de ter lido nada significante nesses 9 anos de maternidade, como amamentar pode ser um ato tão doloroso e prazeroso ao mesmo tempo.
Não me lembro de ter sentido tanto prazer e felicidade em amamentar como tenho sentido desta vez. Acho que um dos privilégios de ser mãe pela terceira vez é poder curtir "fases" e vivenciar momentos que as vezes passam desapercebidos ou mesmo acabam esquecidos na rotina de nossas vidas.

Amamentei minha primogênita, a Bia, por quatro meses exclusivamente, até retornar ao trabalho, o que fez com que aos poucos, o peito fosse substituído pela mamadeira e aí foram mais 2 meses até o desmame.
A Gabi, tadinha, mamou de fato somente 1 mês quando ocorreram seus probleminhas de saúde, cirurgia, mais 2 meses de UTI, seguidos de 9 meses de home care (isso é história para um outro post). Enfim, com a Alice, agora minha caçula, estou exercitando o que aprendí na prática com as duas primeiras juntamente com o apoio do GAAM (Grupo de Apoio ao Aleitamento Materno) do Hospital São Luiz do Anália Franco.

Na primeira vez com a Bia, lembro do meu peito cheio, endurecido e quente na maternidade, a chamada “descida do leite”. Antes de fazer ordenha, tínhamos que colocar compressas com toalhas molhadas em água gelada, para extrair o leite extra que a Bia não dava conta de mamar. O peito rachou, sangrou um pouco, mas no final deu certo. Na segunda vez, com a Gabi, o peito rachou também, ela mamava bastante, comilona, logo tive que aprender a tirar o leite com bombinha manual para que ela pudesse recebê-lo pela sonda na UTI (Há 8 anos atrás não era conhecido o serviço de aluguel de bombinhas para ordenha e nunca obtive informações nem apoio nos hospitais que passamos). Para me ajudar a garantir o suprimento de leite, na época, tomava o “chá da mamãe” da Weleda. Quando voltou pra casa, tive que conciliar o peito e a mamadeira pois ela não podia se “cansar” mamando no peito. Isso foi minando aos pouco nosso sucesso.


Já a Alice me deu um baile danado no começo. Quando achei que tiraria de letra as mamadas, ela testou minha paciência. Cheguei a passar uma manhã inteira com ela no cólo só amamentando. A baixinha queria mesmo era cólo e peito, nada de dormir no berço ou onde fosse, e eu ainda com dores nos pontos da cesárea. Mas isso foram só nas primeiras semanas.

Depois disso cheguei a uma conclusão: Amamentar não é intuitivo!

Após o primeiro mês, tudo correu bem e agora, a Alice com 5 meses e meio, tenho sentido o “prazer” de amamentar minha princesa, quando desfrutamos de um momento íntimo e de estreita ligação entre mãe e filha.
É uma pena que isso esteja com os dias contados, pois devo voltar a trabalhar em poucos dias. Infelizmente não disponho de licença maternidade de 6 meses, o que pra mim é desconcertante, visto que a Organização Mundial de Saúde (e o próprio governo federal - Ministério da Saúde) orienta que o aleitamento materno seja exclusivo neste período. Aí me pergunto: E as funcionárias de empresas que não aderem a licença maternidade de 6 meses, como fazem?

Quero continuar a amamentar quando voltar a rotina do trabalho e pretendo ordenhar o leite na empresa ao menos uma vez. Para enfrentar essa nova etapa, busquei novamente a preciosa orientação do GAAM-São Luiz e torço para que a mamadeira não seja uma concorrente desleal. Hoje uso bico de silicone ortodôntico para suco , e eventuais mamadas , e até hoje Alice conciliou o peito e a mamadeira sem largar o peito, o que considero uma vitória. Uhuuuu! Estou decidida a prolongar essa conquista e enfrentar as dificuldades que surgirão. Ordenhar em locais e horários diferentes, carregar maleta com leite congelado, correr o risco do peito vazar no meio de uma reunião e principalmente vencer a pressão da sociedade de que “isso não vai dar certo” ou “é muito trabalhoso”. Meu corpo mudou em 9 meses de gestação e agora está longe de ser como antes, mesmo assim, resolvi enfrentar esse período sabático, longe das corridas de rua que tanto me dão prazer.

Ainda mais difícil é conseguir conciliar maternidade, casamento, família e ainda ter tempo para si mesma. Desempenhar o papel de filha, esposa e mãe, simultaneamente e ainda voltar ao trabalho.

Mesmo assim, estou certa de que vale totalmente a pena insistir na amamentação, superar as dificuldades iniciais, enfrentar os bicos rachados e sangrando, as restrições alimentares por conta da cólica e principalmente estar “disponível” e disposta a doar-se para alimentar seu bebê. Sim, pois amamentar é um ato de doação, não somente de alimento físico, mas principalmente emocional, pois enquanto se amamenta (dando o alimento físico) é importante também acariciar, cheirar, conversar ou entoar uma canção para o bebê e assim despertá-lo para outras sensações. Amamentar é doar amor.

Quero curtir ao máximo esses dias, amamentar dia e noite, beijar, cheirar e sentir sua pele macia em contato com a minha. Amar intensamente e registrar esses momentos na memória do meu coração.

Amos vocês Bia, Gabi e Alice


Algumas Dicas:

Pomada – aprendi na prática que as pomadas a base de lanolina ajudam muito no início da amamentação, pois de tanto que o bebê suga, o bico do seio fica um pouco ressecado e daí racha, a cada mamada vale a pena reaplicá-la.

Protetor/absorvente de Seio – experimentei usar conchas para o seio mas não gostei muito. Ao deitar, em pleno cochilo da tarde, entre uma mamada e outra, o leite acumulado acabava vazando, isso quando não “magoava” um pouco o bico do seio. Já com o absorvente obtive boas experiências quando ao amamentar de um seio, o vazamento que geralmente acontecia com o outro peito acabava sendo absorvido, isso me salvou muitas vezes de ter a blusa manchada em certos momentos.

Ordenha Manual x Aluguel – Importante aprender a fazer a ordenha manual, massageando o peito e extraindo o leite produzido em excesso nos primeiros dias pós parto. Na minha primeira filha fiz por diversas vezes quando na drástica “descida” do leite, isso me salvou de uma possível mastite. Na segunda filha usei as bombinhas manuais, pois as elétricas que hoje encontramos para alugar não estavam disponíveis no Brasil, na verdade esse serviço de aluguel de bombinhas, creio que nem devia existir. Se não fossem por elas não teria conseguido manter a produção do leite no período que minha filha estava na UTI para que retornasse ao peito quando em alta. Com esta minha terceira filha tive a oportunidade de alugar a bombinha elétrica logo nas primeiras semanas devido o peito rachado e sangrando. Passei um dia extraindo o leite do peito que estava mais machucado e oferecendo na mamadeira mesmo (bico ortodôntico), deu certo. Essa “folga” para o peito ajudou-o na cicatrização e manteve a produção de leite.

Pega correta da mama – Faz total diferença uma pega correta do bebê na mama. Evita que o bebê engula ar, ocasionando cólicas/gazes, e também que o bico fique machucado. Achei que a imagem abaixo, que encontrei na internet, ilustra muito bem essa “pega”.

3 comentários:

  1. creio que como homem é complicado entender este momento, como pai consigo sentir o amor que emana deste momento e acho ele muito bonito.
    Te amo
    @abreutax

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  2. Oi Léia.. que lindo post..
    Eu tive a oportunidade de amamentar meus 3 tbém.. o Lucas é o que amamentei por mais tempo: 10 meses...
    A Clara foi a que eu tive mais dificuldade.. talvez por ser a primeira, não sei....
    Vou indicar seu post para minha cunhada que está com um bb de 10 dias e é prematuro.. ela não está podendo amamentar, pois ele não pode fazer muito esforço... Mas no final da tudo certo :)

    bjs

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  3. Nossa, quanta coisa em comum né? Que bom que nos encontramos aqui!! Que fotos lindas, eu tenho 2 filhas, uma de 18 (meu Deus!!) e uma de 9, é muito bom ser mãe né?

    BJus!!!

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