23 de fev. de 2011

3 filhas e 5 toalhas no varal

Alexandre Abreu e eu casamos 6 anos depois do nosso encontro no cursinho em 1992, em junho/1998 e em agosto/2001 nossa primogênita Beatriz chegou. Naquele mesmo ano minha avó materna faleceu e Beatriz, nos trouxe muita alegria. Seu nome que significa "que trás felicidade" foi escolhido propositalmente. Lembro como se fosse hoje, da emoção que senti, quando na sala de parto, toquei sua pele quente e macia pela primeira vez. No primeiro filho, o medo de arriscar é maior do que a coragem e por vezes, entre os erros e acertos da criação, vamos educando esse pequeno ser com auxílio de médicos e conselhos das avós. E como são sábias essas senhoras...



Um ano e meio depois, em março/2003 Deus nos enviou a Gabriela de forma inesperada, sorrateiramente. De repente, nós tínhamos praticamente dois bebês em casa, eram duas fraldas pra trocar, duas poltronas no banco de trás do carro, dois cadeirões e trabalho dobrado também. Por outro lado as alegrias se multiplicaram... E após 1 ano difícil, no qual Gabi passou por 2 cirurgias, diversas internações na UTI e 8 meses de Home Care, conseguimos respirar um pouco mais tranquilos e curtir os momentos alegres com nossas 2 flores.





Então, quando achei que a “fábrica de bebês” tinha fechado, vida ajustada, meninas crescidas e mais independentes de ajuda materna, chega a pequena Alice. Demorou pra ficha cair, até mesmo para descobrir que estava realmente grávida. Assim como foi com a Gabi, achei que estivesse com gastrite e corri para o hospital, foi uma enorme surpresa quando na emergência a médica nos disse que em 9 meses a minha dor de estômago e os vômitos acabariam. Eu tinha para mim que existem dois colos numa casa, pai e mãe, não fazia sentido ter mais um filho, em que cólo ele ficaria? Além disso, eu me questionava se era possível dividir em 3 um amor de mãe que antes era de 2. Era justo isso?

Nestes momentos, quando acontece o que não foi planejado, têm-se a dimensão exata da nossa pequenez neste mundo, ainda mais quando se está gerando uma nova vida. Somos instrumentos do Criador e Ele determina a nossa trajetória e tudo o que devemos passar para crescermos e nos tornarmos seres humanos melhores. Assim me senti nessa terceira gestação, depois de tanto tempo da segunda, ela me trouxe novas sensações e sentimentos, novas experiências.

Desta vez, eu mais madura, pude curtir uma terceira gestação de forma mais consciente do que acontecia com o meu corpo e com a vida que estava gerando, pude notar mudanças que não havia percebido na primeira e nem na segunda. Então chegou a Alice e nossos corações se encheram de alegria. Deus havia nos dado um novo presente, foi assim que senti quando ouvi seu chorinho na sala de parto e mais ainda quando a tive nos braços pela primeira vez.


Junto com a Alice, veio também uma força, coragem e paciência que até então desconhecia e que só podia vir de Deus. Cuidar e criar uma terceira filha tornou-se um desafio e tem sido uma experiência enriquecedora. Muitas coisas deixam de ser novidade, é claro, pois já temos uma boa noção do que vem para o próximo mês. A novidade já é meio previsível. Então os dias podem se tornar mais melancólicos, insípidos. Contudo, temos a chance de atentar a detalhes, que na extraordinária experiência da primeira ou segunda filha, não registramos.

É um desafio tremendo ter uma terceira filha. As mudanças na família e na vida do casal são ainda mais desafiadoras, mais na mulher que tem a obrigação de se adaptar a situações diversas. Tenho tentado não me ater tanto as mudanças não planejadas. Deixando, mais ou menos, a “vida” me levar. Procuro me agarrar aos bons momentos, as risadinhas surpresas e banguelas da Alice, os desenhos coloridos cheios de corações da Gabi e as descobertas de menina-moça da Bia.



Quando se tem um bebezinho em casa é que nos damos conta de como as outras princesas cresceram. Afinal, eu nunca tinha conseguido entender porque os pais vêem os filhos sempre como crianças. Hoje sei e ainda me pego agarrando as meninas no cólo e enchendo-as de beijos como se fossem pequenas, mas elas ainda não são?!

As vezes me incomodo com as caras de espanto de algumas pessoas quando falo que tenho 3 filhas. Elas logo comentam sobre o trabalho de criar 3 meninas e os gastos que proporcionam. De fato, não é tarefa fácil, as preocupações são muitas, mas as alegrias são multiplicadas por 3. Elas podem até pensar que eu e o Alexandre enlouquecemos. Algumas noites fico admirando as meninas dormindo no quarto ao lado e penso: estamos mesmo loucos?! Tão diferentes em tamanho, estrutura, personalidade e tão doce e suave em seu sono de beleza. Sim, de fato estamos loucos. Nossas alegrias tem se multiplicado por 3 e tamanha felicidade provoca loucura. Nossas aflições quanto ao seu futuro, aos valores e ensinamentos que as estamos transmitindo nos permite pensar que serão seres humanos, adultas, melhores do que nós.

Ter uma filha não é tarefa fácil, os hormônios me deixam enlouquecida e as vezes dá vontade de tirar férias da maternidade ou férias de si mesma. As emoções são tantas e tão intensas que nem dá pra se entender o que se passa num só instante.
Bia, Gabi e Alice são um milagre da vida, um presente de Deus em nossas vidas e cada uma, a seu modo, nos proporcionou momentos peculiares e transformações extraordinárias.



Tá, então vocês podem perguntar: o que tem a ver as toalhas com o texto não é?! Acho que cai em si de fato que tínhamos mais um integrante na família quando, ao estender as roupas no varal, notava mais uma toalha. Por mais imersa que estivesse na nova realidade com este novo ser humano (Alice), as 5 tolhas no varal me conscientizavam de que éramos mais 4, agora somos 5.

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